sexta-feira, 13 de abril de 2012

Aborto de anencéfalos: 8 ministros favoráveis e 2 contra


Ministros no STF durante votação
Com o voto favorável do ministro Gilmar Mendes, agora há pouco, são sete votos favoráveis e um contrário à descriminalização do aborto de bebês anencéfalos, assunto em julgamento no Supremo Tribunal Federal.  A sessão começou ontem, 11, foi retomada por volta de 14h desta quinta-feira, 12, e foi suspensa agora há pouco, devendo retornar em 20 minutos.

Em suas considerações iniciais, Gilmar Mendes criticou a ausência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Organizações não-governamentais (Ongs) como partes da ação. “Essas entidades são quase que colocadas no banco dos réus como se estivessem fazendo algo de indevido e não estão”, ressaltou o ministro.

Mendes seguiu o voto da maioria dos ministros. Ele afirmou que o aborto de anencéfalos está entre os dois casos de aborto já previstos no Código Penal. Para ele, isso pode ser considerado uma omissão legislativa que não condiz com o próprio Código Penal.

“Não parece tolerável que se imponha à mulher esse tamanho ônus à falta de um modelo institucional adequado para resolver esta questão”, disse o ministro.

Antes de Mendes, votou o ministro Ayres Britto que, assim como Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Cármen Lúcia, se posicionou a favor do aborto de anencéfalos. Até agora, o único voto contrário foi o do ministro Ricardo Lewandoswki.

Para Britto, o bebê anencéfalo não terá condições de desenvolver-se como vida humana. “O feto anencéfalo é um crisálida que jamais, em tempo algum, chegará ao estágio de borboleta porque não alçará voo jamais”, disse o ministro. Ele também ressaltou que é sagrado o direito da mulher em escolher se deseja ou não levar sua gravidez adiante, uma vez consciente da anencefalia da criança.

O ministro Celso de Melo foi o oitavo e último a apresentar voto favorável em relação a descriminalização do aborto.
 
“O Supremo Tribunal Federal está a reconhecer que a mulher apoiada em seus direitos reprodutivos e protegida pelos princípios constitucionais tem o direito de optar pela antecipação terapêutica do parto ou tem legitimado o direito pelo prosseguimento do processo fisiológico de gestação”, disse Mello.  
 
Por fim, o presidente da Corte, o Ministro Cézar Peluso foi contrário à proposta, unindo-se ao voto do Ministro Ricardo Lewandowski, o primeiro a considerar prática de aborto de anencéfalos um crime. Peluso argumentou que os bebês anencéfalos enquadram-se como seres vivos e não podem ser considerados coisas ou 'lixo', o que dá a eles o direito fundamental de viver.
 
"O fato do anencéfalo ter vida, apesar da mutilação, nada lhe rouba a dignidade humana, nem o transforma em coisa",  destacou.
 
O ministro também ressaltou que existe um conceito errôneo sobre a anencefalia, a qual compreende a ausência de partes do cérebro em seus mais variados graus. Peluso criticou o parecer de alguns ministros sobre a amenização do 'sofrimento da mulher', o que segundo ele, não justifica o aborto.
 
"A vida não é um conceito artificial criado pelo ordenamento jurídico para efeitos operacionais. (...) Ser humano é sujeito de direito. O nascituro anencéfalo ou não tem garantia de resguardo de seus direitos", enfatizou.
 
 
 

Especialista destaca consequências psicológicas do aborto

'Fica uma dor que dói na alma e isso vai trazer implicações para o processo de desenvolvimento da mulher', diz padre Adílson
O Supremo Tribunal Federal iniciou nessa quarta-feira, 11, o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54 sobre a descriminalização do aborto de bebês anencéfalos. Até o momento, 5 ministros votaram a favor da descriminalização e 1 contra. A sessão será retomada nesta quinta-feira, 12, a partir das 14h com a votação de outros quatro ministros.
O assunto gera polêmica na sociedade entre os que são favoráveis ao aborto, defendendo o direito da mulher em poder decidir, e os contrários, que defendem o direito à vida. Entre os impactos da aprovação dessa medida, está o estado psicológico da mulher que se submete ao aborto.

.: Entenda argumentos contra aborto de bebês anencéfalos
.: A propósito da Anencefalia - Artigo de Cláudio Fonteles
.: Aborto de bebês anencéfalos: A morte não pode solucionar o problema

O psicólogo e coordenador do Grupo de Psicólogos Católicos da Arquidiocese do Rio de Janeiro, padre Adílson Ribeiro dos Santos, explicou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elenca três dimensões para o ser humano: física, psíquica e espiritual. De acordo com o padre, essas três dimensões são afetadas quando a mulher faz um aborto.

"Isso vai acarretar uma mutilação no seu corpo e, por conseguinte, afeta no âmago do ser da mulher a compreensão dela de si, da relação dela com o bebê, da relação dela com o mundo. Posteriormente, ocasiona uns acessos de depressão profunda, o que deixa na mulher um vazio e numa situação que ela não tem como reverter mais. Só que fica uma dor que dói na alma e isso vai trazer implicações para o processo de desenvolvimento da mulher”, disse padre Adílson.
O sacerdote contou ainda que o aborto também pode refletir no núcleo familiar, uma vez que a mulher entra num profundo sentimento de culpa, o que leva à depressão e, até mesmo, à síndrome do pânico. "Ela (a mulher) tende a, depois, não aceitar o ato feito e aí vai gerar um isolamento porque vai interferir dentro da compreensão familiar". Ele também contou que esse sentimento de culpa pode despertar na mulher o receio de ter outros filhos.
Padre Adílson lembrou ainda que as consequências não vão atingir somente a mulher que fizer o aborto. “Abrindo essa possibilidade do aborto, isso vai trazer consequências sérias, além das marcas profundas no campo psíquico e espiritual e do dano físico. Então isso com certeza vai trazer um resultado maléfico para o convívio social”

Nenhum comentário:

Postar um comentário