Creia: sua necessidade está sob os olhos do Senhor
Jesus nos diz: “O meu pai agora está trabalhando, e eu também estou trabalhando” (Jo 5,17)
Amados irmãos, Deus não está dormindo. Ele trabalha sempre e está em constante atividade. Ele vê e acompanha os nossos sofrimentos; nos ama e trabalha por nossa causa. Creia: sua necessidade está sob os olhos do Senhor. Nosso Pai e Jesus não cessam de trabalhar por nós.
Exponha-se diante d’Ele. Seja sua causa pessoal ou familiar, seja sua doença física ou espiritual, apresente-se agora para o Senhor. Nada pode impedir a ação de Deus em sua vida. Nada pode roubar sua alegria de ter alguém constantemente trabalhando por sua causa: Deus Pai e Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles não terão descanso enquanto não nos derem o Reino dos Céus. Deus é por nós. Somos d’Ele e, por isso, sabemos que:
“Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio” (Rm 8,28)
Como num dia inteiro de trabalho, o Senhor age em nosso meio salvando nossas vidas, curando nossos corações, sarando nossos doentes, libertando nossos oprimidos e arrancando da opressão do maligno aqueles que se encontram nas trevas. Se abrirmos o coração e O deixarmos trabalhar em nosso interior veremos já aqui, nesta vida, os prodígios do Senhor.
Que o Todo-poderoso nos liberte de toda incredulidade e ação do mal que quer abalar nossa fé!
Jesus, eu confio em Vós!
Experimentemos a alegria em conhecer a Deus
Postado por: homilia
No Evangelho de hoje vemos Jesus sorridente, com os olhos brilhando: “Jesus exultou de alegria no Espírito Santo” (Lc 10,21).
A alegria é uma característica de todo cristão porque primeiro foi de Cristo, é dom do Espírito Santo para todo batizado, é o que os primeiros cristãos possuíam (cf. At 2,46) e todos nós devemos ter.
Mas por que Jesus exultou de alegria naquele momento? Porque viu os planos do Pai se concretizando de uma maneira que é bem característica da Santíssima Trindade. Cristo reconhece e exulta de alegria ao ver a humanidade mais uma vez participar das grandezas divinas. Nosso Senhor glorifica Seu Pai porque Ele não escolheu os “sábios e entendidos” para serem os primeiros discípulos do Mestre, mas os pequeninos: povo sem estudo, sem muito entendimento, que não era capaz de muita coisa.
Creio que Jesus, em Sua humanidade, tenha se desanimado um pouco ao olhar para aqueles 72 discípulos e ver a realidade. Tinha sido Ele mesmo que os havia escolhido por desígnio do Pai, mas Ele aconselha-os a rezar ao Senhor pedindo mais operários para a messe (cf. Lc 10,2) pois aqueles não pareciam suficientes. Cristo reconhece que Seus discípulos são ovelhinhas perto dos lobos astutos e inteligentes, mas envia-os mesmo assim, acreditando que eles serão sustentados de modo que nem precisam levar bolsas (cf. Lc 10,3-7), pois serão portadores da paz.
Após esse envio, os 72 discípulos voltam alegres dizendo que até os demônios se submeteram a eles pelo nome de Jesus. Parece incrível, não? É como a profecia de Isaías na qual é prometida a harmonia entre lobo e cordeiro, pantera e cabrito, touro e leão, vaca e urso, criança e víbora. Tudo isso será possível porque sobre o nosso Salvador repousa o Espírito Santo com todos os Seus dons e porque Ele não julga pelas aparências nem pelo ouviu dizer, mas com retidão e justiça (cf. Is 11,1-8).
Esta é uma grande lição para todos aqueles que ficam tardando para dar uma resposta ao Senhor porque se acham incapazes, fracos e pequenos. Somente os pequeninos, isto é, os que abrem o coração e não colocam a razão em primeiro lugar, poderão distinguir os prodígios e milagres que acontecem quando o Reino de Deus se lhes manifesta pela ação do Espírito Santo. Jesus louvou ao Pai e exultou no Espírito quando os Seus discípulos “enxergaram” as maravilhas que ocorreram quando eles saíram anunciando o Reino.
“Felizes os olhos que veem o que vós vedes!” Quando nos dispomos a divulgar o Reino dos Céus aqui na terra, é sinal de que ele já está acontecendo na nossa vida e, à medida que nos abrimos, mais e mais vamos experimentando a alegria e a felicidade interior. O Pai se dá a conhecer por intermédio da revelação do Filho e quanto mais conhecermos a Jesus, tanto mais teremos comunhão com Deus Pai e, assim, estaremos vivendo a felicidade tão almejada.
O que vale para Jesus não são a inteligência e sabedoria humanas, mas o conhecimento de Deus. “Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Lc 10,22). Ditosas são as nossas almas quando acreditamos na misericórdia e bondade do Senhor, mesmo que nossos olhos carnais não O tenham visto.
Obrigado, Pai, por nos conceder a oportunidade de Te conhecer mais profundamente. Obrigado, Jesus, por nos apresentar o Pai e nos aceitar como irmãos Teus, à medida que agimos como Tu nos ensinaste. Obrigado, Espírito Santo, por nos santificar, dando-nos coragem para enfrentar as batalhas do dia a dia e dando-nos paciência para esperar o momento de Deus para aquilo que não podemos mudar.
Padre Bantu Mendonça
Formações
Novo horizonte para a vida
Ser bom é alavancar projetos que fecundam valores
A reconhecida maestria de Jesus nos Seus ensinamentos, com a particularidade de Sua presença, com Sua força incomparável de interpelação, tocava sempre os espaços mais recônditos dos corações. O evangelista Marcos narra um diálogo de Cristo com Seus discípulos que causou grande espanto. Jesus descreve a cena de alguém que corre na direção d'Ele e, quando se aproxima, pergunta: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” O diálogo se desenvolve aprofundando o que é ser bom e o que fazer para ser bom, admitindo convictamente que a conquista da plenitude do ser humano só se faz quando se encontra e se percorre o caminho da bondade.
Depois de falar dos mandamentos para aquele que estava interessado em ganhar a vida eterna, Jesus, fitando-o com amor, afirma: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. O interessado na vida eterna ficou pesaroso e foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens, conta o evangelista Marcos, que também descreve o espanto dos discípulos ao ouvirem estas palavras de Cristo. Pedro, então, intervém dizendo: “Olha, nós deixamos tudo e te seguimos”.
Jesus não estava fazendo contas de números naquele diálogo. Sua maestria não se prendia, na verdade, a quantidades de bens. Ele tocou no núcleo central interior que rege os rumos dados à vida: a capacidade de discernimento e escolha, a competência para produzir sentido, a convicção simples e determinante de que é bom ser bom.
Ser bom é ser honesto. É alavancar projetos que produzem vida e fecundam a cidadania com valores, que não se reduzem às posses. Trata-se de princípios que alargam horizontes. O desafio maior, em todos os tempos, inclusive agora, na cultura contemporânea, é superar uma compreensão da vida que a reduz aos números e aos bens materiais. Aliás, esse desafio é ainda mais urgente no tempo em que vivemos, porque há uma avalanche de mudanças, intensificada pelo universo virtual da informação.
Manter a serenidade indispensável e alavancar-se na sabedoria necessária não é fácil. Fácil é perder o rumo. Vive-se uma oscilação entre a impotência da crítica e a onipotência da opinião. Esta oscilação provoca inevitavelmente a perda de referências e de valores. O Papa Bento XVI adverte aos fiéis de que a cultura contemporânea corre riscos de excluir Deus, fonte única e inesgotável de princípios, dos próprios horizontes. Assim, a humanidade segue caminhos equivocados, receitas destrutivas. Sem Deus no horizonte, o que se constata é a primazia da instabilidade no lugar da verdade. A informação, com sua fluidez, passa a ser fonte de todas as fontes.
É preciso saber que não basta estocar, organizar e distribuir informações múltiplas. Mesmo diante dessa grande oferta de conteúdo, pergunta-se: o que no mundo de hoje é justo, bom, verdadeiro? Não encontrada a resposta, experimenta-se o peso da existência. A vida fica à mercê de relatos sobre relatos, prostrando os humanos na insatisfação, tornando-os insaciáveis. Mas, ávidos não dos valores que sustentam e devolvem a serenidade. Em cena, de novo e sempre, a necessidade da permanente busca e do reger-se por princípios. Um movimento que dá sustentação à cultura, caminha na direção da correção de descompassos. É saída na superação da violência, correção para a ganância que gera o veneno da corrupção e a loucura da posse.
Este é o permanente desafio diante de um cenário que causa medo e que mina a convicção simples de que é bom ser bom. Vale lembrar, mais uma vez, o Papa Bento XVI quando diz que o encontro com uma Pessoa, Jesus Cristo, dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva. É hora do diálogo com Jesus, para iluminar gestos que fazem a diferença.
Dom Walmor Oliveira Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG)
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG)
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