Dom Raimundo Damasceno fala sobre a apresentação da renúncia do Papa
O presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Dom Raymundo
Damasceno, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta
segunda-feira, 11, sobre a apresentação da renúncia do Papa Bento XVI. O
cardeal afirmou que o gesto do Papa foi de humildade e coragem.
“Humildade porque, sem dúvida, é uma missão importante na Igreja,
fundamental e essencial. Um gesto de coragem por que pode dar a
impressão às pessoas de que faltou-lhe decisão, espírito de sacrifício
para continuar nesse ministério apesar das dificuldades que ele está
sentindo e experimentando”, explicou.
Dom Raymundo ressaltou o desapego de Bento XVI do cargo e afirmou que o
Papa tomou a decisão com liberdade e tranqüilidade. No entanto -
destacou – "deve ter sido um gesto difícil, mas com sua consciência
diante de Deus de ter cumprido o seu ministério até o dia 28 de
fevereiro. Um ministério muito rico e frutuoso para toda Igreja.”
Jornada Mundial da Juventude
Com relação à vinda do Papa à Jornada Mundial da Juventude, o cardeal
lembrou uma frase que o próprio Bento XVI mencionou a pouco tempo,
dizendo: "O Papa estará na Jornada. Se não for eu, será meu sucessor."
Dom Raymundo disse que era um desejo de muitos a vinda de Bento XVI ao
evento, por conta da simpatia que o Pontífice adquiriu em meio aos
jovens. Mas, reforçou que o Brasil espera o novo Papa com alegria.
Quanto às estruturas da JMJ, o cardeal afirmou que a data permanece fixa
entre os dias 23 e 28 de julho, na cidade do Rio de Janeiro e com o
tema relacionado à missão. Talvez, a programação sofra alguma
modificação por conta do novo Papa, disse o Cardeal, mas nada de grande
impacto.
Eleição do novo Ponfífice
Para eleger o sucessor de Bento XVI será realizado um Conclave – reunião
de todos cardeais do mundo, que acontece na Capela Sistina, no Vaticano
e que tem duração indeterminada. Segundo Dom Damasceno, os cardeais que
se reúnem para a eleição não são candidatos ao papado, no sentido de
que alguém se apresente para ser eleito. “Acho que ninguém chega ao
Conclave com a pretensão de ser Papa. Seria muita presunção da pessoa
que assim pensasse”, afirmou.
A reunião para eleição de um Pontífice é um momento de muita oração,
sublinhou o cardeal Damasceno, logo, todos precisam estar abertos para
escolher o melhor para a Igreja e o mundo. Para a escolha do novo Papa, o
cardeal acredita não serem observados critérios como nacionalidade, cor
ou idade, desde que seja menor que 80 anos. "Acho que o espírito que
anima a todos é de muita humildade, serviço e de abertura à vontade de
Deus."
“Olhamos alguns critérios como experiência pastoral, o conhecimento da
Santa Sé. Precisa ser uma pessoa com facilidade para o diálogo e a
comunicação, logo, as línguas são importantes. É observada a vida da
própria pessoa, sua espiritualidade, sua santidade de vida, sua
capacidade de liderar a Igreja nos tempos de hoje. Mas, é na abertura ao
Espírito que Deus nos levará a eleger o Papa”, esclareceu.
Do Brasil, cinco cardeais poderão participar do Conclave: Dom João Braz
de Aviz, Prefeito da Congregação para os Religiosos; Dom Cláudio Hummes,
Arcebispo Emérito de São Paulo; Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de
São Paulo; Dom Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador e
Dom Raymundo Damasceno, Arcebispo de Aparecida.
De acordo com o presidente da CNBB, o mundo passa por uma mudança de
época e não uma época de mudanças. Neste tempo, os valores não são
vividos como antigamente. Realidades como a família, o matrimônio, o
diálogo inter-religioso, ecumenismo, a justiça no mundo e outros poderão
ser uns dos desafios para o sucessor de Bento XVI.
Assembleia do Bispos no Brasil
Para o encontro que reunirá todos os bispos do Brasil, em abril deste
ano, Dom Damasceno explica que não haverá mudanças. “Creio que esse
Conclave não passará de um mês, portanto, a assembleia não sofrerá
alterações.
Fonte: Canção Nova
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