Senhor, o que queres de mim?
Somos livres para fazer as nossas escolhas, mas precisamos fazê-las acertadamente. Muitas vezes, entramos em caminhos que inicialmente parecem bons, mas no fim nos conduzem ao buraco.
A cada ação que formos realizar, em qualquer momento ou circunstância, precisamos pedir a Deus sabedoria e discernimento, para não entrarmos por caminhos tortuosos e afundarmos. “Escolhi seguir a trilha da verdade, diante de mim eu coloquei vossos preceitos” (Sl 119,30).
Quando temos uma reta intenção diante das situações, o próprio Senhor adianta-se em nos mostrar o caminho certo, e se por acaso errarmos com o desejo de acertar na vontade de Deus, Ele mesmo endireitará os nossos passos.
Existem pessoas que são eternamente infelizes, porque não sabem fazer as escolhas certas para a sua vida. Tudo é muito simples, basta perguntarmos ao Senhor em cada situação: “Senhor, o que queres de mim? O que queres que eu faça? O que queres para a minha família?” Mostra-me os Teus caminhos!
Peçamos ao Senhor a graça de sermos dóceis à vontade d’Ele em todos os momentos de nossa vida.
Jesus, eu confio em Vós!
Homilia
Nela, Jesus nos dá a forma mais eficiente de como nos devemos dirigir a Deus. O nosso Deus não é alguém distante de nós e a quem devemos temer. Ele nos ouve e nos atende porque é o nosso Pai.
Assim, em todas as circunstâncias: quer na alegria, quer na tristeza, na paz e na guerra, na fome e na fartura, na saúde e na doença, na fidelidade e infidelidade da pessoa querida, enfim, em tudo – abrindo o nosso coração – devemos invocar ao nosso Pai dizendo: “Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu!”
Jesus mesmo é quem nos ensina a conversar com Deus: ser objetivo em nossas súplicas e não desejar que, por força das nossas muitas palavras, a nossa vontade aconteça.
O Pai-Nosso é a oração mais completa porque, objetivamente, nos leva ao louvor, a ter compromisso com a vontade do Pai, a implorar pelas nossas necessidades do dia a dia e, principalmente, a pedir perdão com a garantia de, concretamente, também perdoar aos nossos irmãos e irmãs. E, por último, nos motiva a pedir ao Pai que nos ajude a não cair na tentação do pecado e a nos livrar do mal, que é o demônio.
Assim sendo, a nossa oração torna-se um “eco” da oração que Cristo também fez a Deus Pai dando-nos motivação para que nós possamos vivenciá-la no dia a dia da nossa vida. O próprio Jesus nos dá a dica: não usar muitas palavras e simplesmente glorificar o Pai e pedir que o Seu Reino e a Sua vontade aconteçam em nós, na terra, assim como acontece no Céu. Pedir o pão para cada dia, o perdão pelas nossas culpas. Pedir para não cairmos em tentação e para livrar-nos do mal.
O Senhor ressalta a necessidade do exercício diário do perdão. E põe uma condição para que a nossa oração seja atendida: “Porque, se vós perdoardes os pecados uns dos outros, o meu Pai, que está no céu, também vos perdoará. Mas, se não os perdoardes, o Pai também não vos perdoará os vossos pecados”.
Portanto, posso desafiá-lo dizendo que a prática do perdão é o que faz a diferença. É o que nos distingue dos demais.
Como e o que você tem pedido a Deus? Que Ele o ensine a perdoar, sobretudo, as mais difíceis e complicadas pessoas de lidar. Você tem cumprido o que reza no Pai-Nosso? Senão, peça a Deus esta graça.
Padre Bantu Mendonça
Formações
Uma das advertências incisivas de Cristo, que cumpre seja sempre refletida, foi esta: “Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim” (Mt 10,18). Fica, portanto, claro que quem quer seriamente segui-Lo deve carregar a própria cruz. É isso uma exigência a que todo cristão deve se submeter. Trata-se da cruz de cada dia, pois, num vale de lágrimas, esforços constantes são necessários para o próprio aprimoramento espiritual. Os sofrimentos, as amarguras, as tribulações estão sempre presentes de uma forma ou de outra, mas feliz quem as transforma em pérolas preciosas para a eternidade.
A felicidade perene não se adquire por um simples ato de virtude ou um sacrifício pontual. Toda energia e toda coragem nos mínimos sacrifícios de cada momento lançam a vida nesta terra bem longe da mediocridade, do comodismo. Cada instante é uma nova ocasião para caminhar fielmente, vencendo-se a si mesmo com generosidade e sinceridade. Note-se que Jesus determinou que é preciso segui-Lo, dado que Ele carregou primeiro a Sua cruz, deixando um exemplo a ser adotado. O mistério da cruz de Cristo transcende os séculos e os verdadeiros cristãos vivem o que dizia São Paulo: “Quanto a mim só quero me gloriar da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!" (Gl 6,14). Isso não quer dizer que se refaz o que o Redentor realizou há dois mil anos, mas se unir ao dom feito por Ele de si mesmo e que atravessa os tempos.
Muitos são os que pensam em fazer penitências extraordinárias, quando o que Deus quer são as penas ordinárias de cada hora aceitas de uma maneira extraordinária, porque se acha unido o cristão ao seu Salvador. Em qualquer momento desta vida o ser humano convive com as dificuldades mais variadas, mas cumpre sobrenaturalizá-las A dor e a aflição acompanham o ser racional desde o nascer ao fim de sua trajetória terrena. De fato, que idade, que tempo, que lugar e que condição social se viram jamais isentos de sacrifícios? É ajuizado aquele que abraça a sua cruz com a abnegação, com a renúncia, com a mortificação. A vida do autêntico cristão pode parecer dura, mas é meritória; pesada, mas é alegre. É o que acontecia com os santos os quais no meio de suas cruzes conservavam a calma, a paz, o júbilo, a santa resignação e conformidade com a vontade divina. Eles amavam a cruz e conheciam seu valor. Vivenciaram as palavras de São Paulo: “Realmente, o leve peso da nossa tribulação do momento presente, prepara-nos, além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória” (2 Cor 5,17).
O autor do livro “Imitação de Cristo” lembra que “na cruz está a salvação, na cruz encontramos a vida, na cruz nos defendemos dos inimigos, na cruz recebemos infusões de celestial suavidade, na cruz se robustece a mente, na cruz se encontra o gozo do espírito, na cruz se acha a súmula da virtude, na cruz se adquire a perfeição da santidade” (Lv II, 12). É preciso que o cristão saiba sempre combater o bom combate a que se refere o Apóstolo das Gentes (cf. II Tm 4,7). O temor do sacrifício, as desilusões e os próprios defeitos não dobram uma vontade firme, forte, enérgica e constante. Carregar a cruz, como deseja Jesus, é exercer também a disciplina da vontade, agindo seu discípulo com reflexão, sem se deixar levar pela rotina, pelo capricho do impulso do momento e de qualquer paixão desordenada. A precipitação impede de se agir com retidão.
A serenidade, a calma e a tranquilidade só as possuem quem domina com vigor seu modo de atuar. Não é fácil lutar contra a lassidão, a indolência que conduzem à omissão no cumprimento dos deveres diários. A fuga da ociosidade requer disposição contínua para que, num trabalho bem direcionado, se possa ter um autodomínio que demanda pugna ininterrupta, custosa. Deste modo, em todas as circunstâncias da vida, há como colocar em prática a determinação de Cristo, carregando com sapiência, nos traços de Seus passos. Assim, para se viver plenamente esta espiritualidade da cruz todo cristão deve, portanto, ter seu olhar voltado para Cristo e, corajosamente, segui-Lo. Apenas deste modo se experimenta a exemplaridade do Mestre divino, experiência que é sempre elemento essencial para se atingir uma melhor perfeição na caminhada rumo a Jerusalém celeste. Este convívio sábio com as incongruências do dia a dia traz imperturbabilidade e impede uma projeção pessimista quanto o dia de amanhã, porque o cristão fica prevenido e armado contra possíveis dissabores, porque saberá enfrentá-los sob a luz do divino Crucificado e repete ufano com o Apóstolo: “Eu tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
Homilia
Estamos hoje diante do pedido dos apóstolos ao Mestre da oração. E Jesus, diferente dos mestres da Lei, estabelece o mais direto diálogo entre o Pai e os filhos. Ensina-lhes a oração mais simples, humilde – todavia – forte e direta que existiu até hoje: o Pai-Nosso.
Nela, Jesus nos dá a forma mais eficiente de como nos devemos dirigir a Deus. O nosso Deus não é alguém distante de nós e a quem devemos temer. Ele nos ouve e nos atende porque é o nosso Pai.
Assim, em todas as circunstâncias: quer na alegria, quer na tristeza, na paz e na guerra, na fome e na fartura, na saúde e na doença, na fidelidade e infidelidade da pessoa querida, enfim, em tudo – abrindo o nosso coração – devemos invocar ao nosso Pai dizendo: “Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu!”
Jesus mesmo é quem nos ensina a conversar com Deus: ser objetivo em nossas súplicas e não desejar que, por força das nossas muitas palavras, a nossa vontade aconteça.
O Pai-Nosso é a oração mais completa porque, objetivamente, nos leva ao louvor, a ter compromisso com a vontade do Pai, a implorar pelas nossas necessidades do dia a dia e, principalmente, a pedir perdão com a garantia de, concretamente, também perdoar aos nossos irmãos e irmãs. E, por último, nos motiva a pedir ao Pai que nos ajude a não cair na tentação do pecado e a nos livrar do mal, que é o demônio.
Assim sendo, a nossa oração torna-se um “eco” da oração que Cristo também fez a Deus Pai dando-nos motivação para que nós possamos vivenciá-la no dia a dia da nossa vida. O próprio Jesus nos dá a dica: não usar muitas palavras e simplesmente glorificar o Pai e pedir que o Seu Reino e a Sua vontade aconteçam em nós, na terra, assim como acontece no Céu. Pedir o pão para cada dia, o perdão pelas nossas culpas. Pedir para não cairmos em tentação e para livrar-nos do mal.
O Senhor ressalta a necessidade do exercício diário do perdão. E põe uma condição para que a nossa oração seja atendida: “Porque, se vós perdoardes os pecados uns dos outros, o meu Pai, que está no céu, também vos perdoará. Mas, se não os perdoardes, o Pai também não vos perdoará os vossos pecados”.
Portanto, posso desafiá-lo dizendo que a prática do perdão é o que faz a diferença. É o que nos distingue dos demais.
Como e o que você tem pedido a Deus? Que Ele o ensine a perdoar, sobretudo, as mais difíceis e complicadas pessoas de lidar. Você tem cumprido o que reza no Pai-Nosso? Senão, peça a Deus esta graça.
Padre Bantu Mendonça
Formações
O seguidor de Cristo e a cruz
É ajuizado aquele que abraça a sua cruz com a abnegação
Uma das advertências incisivas de Cristo, que cumpre seja sempre refletida, foi esta: “Quem não toma a sua cruz e não me segue não é digno de mim” (Mt 10,18). Fica, portanto, claro que quem quer seriamente segui-Lo deve carregar a própria cruz. É isso uma exigência a que todo cristão deve se submeter. Trata-se da cruz de cada dia, pois, num vale de lágrimas, esforços constantes são necessários para o próprio aprimoramento espiritual. Os sofrimentos, as amarguras, as tribulações estão sempre presentes de uma forma ou de outra, mas feliz quem as transforma em pérolas preciosas para a eternidade.
A felicidade perene não se adquire por um simples ato de virtude ou um sacrifício pontual. Toda energia e toda coragem nos mínimos sacrifícios de cada momento lançam a vida nesta terra bem longe da mediocridade, do comodismo. Cada instante é uma nova ocasião para caminhar fielmente, vencendo-se a si mesmo com generosidade e sinceridade. Note-se que Jesus determinou que é preciso segui-Lo, dado que Ele carregou primeiro a Sua cruz, deixando um exemplo a ser adotado. O mistério da cruz de Cristo transcende os séculos e os verdadeiros cristãos vivem o que dizia São Paulo: “Quanto a mim só quero me gloriar da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!" (Gl 6,14). Isso não quer dizer que se refaz o que o Redentor realizou há dois mil anos, mas se unir ao dom feito por Ele de si mesmo e que atravessa os tempos.
Muitos são os que pensam em fazer penitências extraordinárias, quando o que Deus quer são as penas ordinárias de cada hora aceitas de uma maneira extraordinária, porque se acha unido o cristão ao seu Salvador. Em qualquer momento desta vida o ser humano convive com as dificuldades mais variadas, mas cumpre sobrenaturalizá-las A dor e a aflição acompanham o ser racional desde o nascer ao fim de sua trajetória terrena. De fato, que idade, que tempo, que lugar e que condição social se viram jamais isentos de sacrifícios? É ajuizado aquele que abraça a sua cruz com a abnegação, com a renúncia, com a mortificação. A vida do autêntico cristão pode parecer dura, mas é meritória; pesada, mas é alegre. É o que acontecia com os santos os quais no meio de suas cruzes conservavam a calma, a paz, o júbilo, a santa resignação e conformidade com a vontade divina. Eles amavam a cruz e conheciam seu valor. Vivenciaram as palavras de São Paulo: “Realmente, o leve peso da nossa tribulação do momento presente, prepara-nos, além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória” (2 Cor 5,17).
O autor do livro “Imitação de Cristo” lembra que “na cruz está a salvação, na cruz encontramos a vida, na cruz nos defendemos dos inimigos, na cruz recebemos infusões de celestial suavidade, na cruz se robustece a mente, na cruz se encontra o gozo do espírito, na cruz se acha a súmula da virtude, na cruz se adquire a perfeição da santidade” (Lv II, 12). É preciso que o cristão saiba sempre combater o bom combate a que se refere o Apóstolo das Gentes (cf. II Tm 4,7). O temor do sacrifício, as desilusões e os próprios defeitos não dobram uma vontade firme, forte, enérgica e constante. Carregar a cruz, como deseja Jesus, é exercer também a disciplina da vontade, agindo seu discípulo com reflexão, sem se deixar levar pela rotina, pelo capricho do impulso do momento e de qualquer paixão desordenada. A precipitação impede de se agir com retidão.
A serenidade, a calma e a tranquilidade só as possuem quem domina com vigor seu modo de atuar. Não é fácil lutar contra a lassidão, a indolência que conduzem à omissão no cumprimento dos deveres diários. A fuga da ociosidade requer disposição contínua para que, num trabalho bem direcionado, se possa ter um autodomínio que demanda pugna ininterrupta, custosa. Deste modo, em todas as circunstâncias da vida, há como colocar em prática a determinação de Cristo, carregando com sapiência, nos traços de Seus passos. Assim, para se viver plenamente esta espiritualidade da cruz todo cristão deve, portanto, ter seu olhar voltado para Cristo e, corajosamente, segui-Lo. Apenas deste modo se experimenta a exemplaridade do Mestre divino, experiência que é sempre elemento essencial para se atingir uma melhor perfeição na caminhada rumo a Jerusalém celeste. Este convívio sábio com as incongruências do dia a dia traz imperturbabilidade e impede uma projeção pessimista quanto o dia de amanhã, porque o cristão fica prevenido e armado contra possíveis dissabores, porque saberá enfrentá-los sob a luz do divino Crucificado e repete ufano com o Apóstolo: “Eu tudo posso naquele que me conforta” (Fl 4,13).
Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
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