O Tempo Litúrgico do Advento |
|
|
|
“O Senhor fez conhecer sua vitória, revelou sua justiça às nações.
Os confins da terra contemplaram a vitória do nosso Deus.”
(Sl 97,2-3)
O
tempo litúrgico do Advento é celebrado na Igreja com piedade e alegre
expectativa pelo Natal de Jesus Cristo, onde comemoramos a primeira
vinda do Filho de Deus entre os homens. O mistério sublime da Encarnação
do Verbo acontecido na “plenitude dos tempos” (Gl 4,4).
A
liturgia do Advento começa com as Primeiras Vésperas do domingo
subseqüente a solenidade de Cristo Rei no último domingo do Tempo Comum e
sua duração são as quatro semanas que antecedem o Natal. No Advento a
Igreja não canta o hino do “Glória” na liturgia por razão diferente ao
tempo quaresmal que tem caráter penitencial. Tudo para que esse solene
hino litúrgico seja ressoado com todo o vigor na sublime noite Natal
pelo nascimento entre os homens do Salvador.
Do
seu início até o 16 de dezembro o Advento se destaca pela leitura
freqüente do profeta Isaías e a dimensão escatológica onde o cristão
qual “virgem prudente” (cf. Mt 25,1ss) aguarda em fiel e esperançosa
vigilância a segunda vinda de Cristo nos fim dos tempos. Do dia 17 a 24
de dezembro há um ofício próprio direcionado diretamente para o
nascimento de Cristo.
A leitura de Isaías é justificada porque nele mais que nos outros
profetas encontra-se um eco da grande esperança que confortou o povo de
Israel quando padecia sofrimentos e humilhações no exílio da Babilônia.
Isaías profetiza um tempo de consolação e de paz. Seu anúncio contém uma
mensagem de alegria, consolação, e de um novo êxodo, mais glorioso e a
criação de uma nova Jerusalém.
A
profecia de Isaías apresenta um anúncio perene de esperança para os
homens de todos os tempos, portanto, não há motivo para duvidar que Deus
cumprirá suas promessas. É preciso celebrar o tempo do Advento com fé e
esperança, pois, Cristo veio na carne em Belém e viveu entre nós
homens; Cristo vem até nós na graça sacramental da eucaristia diária; e
Cristo virá em sua glória no último dia. Ele é o mesmo ontem, hoje e
sempre (Hb 13,8).
Diác. Ricardo Maria Valente (4º Ano de Teologia)
O tempo do advento e suas características
O tempo do Advento é para toda a Igreja, momento de forte mergulho na liturgia e na mística
cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e
vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma
noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.
O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de
Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando
quatro domingos.
Esse tempo possui duas características: Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo,
Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. As duas últimas
semanas, dos dias 17 a 24 de Dezembro, visam em especial, a preparação
para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Por
isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. Uma
das expressões desta alegria é o canto das chamadas "Antífonas do Ó".
Teologia do advento
O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo.
Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se
na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor, Jesus, que de
fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15).
O Advento recorda também o Deus da Revelação.
Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando
a salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final
dos tempos.
O caráter missionário do Advento manifesta-se na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria
são exemplos concretos da vida missionária de cada cristão, quer
preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o
santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem
em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais
visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável
para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus
como referência e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do
anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade do advento
A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores
essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a
esperança, a pobreza, a conversão. Deus é fiel a suas promessas: o
Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só
ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com
certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado,
mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a
esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará
definitivamente na parusia (volta) do Senhor. Por isso, o brado da
Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa
esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na
libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna,
esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e
tribulações da vida, diante das perseguições, etc.
O Advento também é tempo propício à conversão.
Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a
esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o
caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente
contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da
pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a
confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens
terrenos. Pobreza que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que
conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.
As figuras do advento
Isaías
Isaías é o profeta
que, durante os tempos difíceis do exílio do povo eleito, levava a
consolação e a esperança. Na segunda parte do seu livro, dos capítulos
40 - 55 (Livro da Consolação), anuncia a libertação, fala de um novo e
glorioso êxodo e da criação de uma nova Jerusalém, reanimando assim os
exilados.
As principais passagens deste livro são proclamadas durante o tempo
do Advento num anúncio perene de esperança para os homens de todos os
tempos. Ele que no capítulo 7 do seu livro já anuncia a vinda do Senhor
João Batista
É o último dos profetas e segundo o próprio Jesus, "mais que um
profeta", "o maior entre os que nasceram de mulher", o mensageiro que
veio diante d'Ele a fim de lhe preparar o caminho, anunciando a sua
vinda (Lc 7, 26 - 28), pregando aos povos a conversão, pelo conhecimento
da salvação e perdão dos pecados (Lc 1, 76s).
A figura de João Batista ao ser o precursor do Senhor e aponta como
presença já estabelecida no meio do povo, encarna todo o espírito do
Advento. Por isso ele ocupa um grande espaço na liturgia desse tempo, em
especial no segundo e no terceiro domingo.
João Batista é o modelo dos que são consagrados a Deus e que, no
mundo de hoje, são chamados a também ser profetas e profetisas do reino,
vozes no deserto e caminho que sinaliza para o Senhor, permitindo, na
própria vida, o crescimento de Jesus e a diminuição de si mesmo,
levando, por sua vez os homens a despertar do torpor do pecado.
José
Nos textos bíblicos do Advento, se destaca José,
esposo de Maria, o homem justo e humilde que aceita a missão de ser o
pai adotivo de Jesus. Ao ser da descendência de Davi e pai legal de
Jesus, José tem um lugar especial na encarnação, permitindo que se
cumpra em Jesus o título messiânico de "Filho de Davi".
José é justo por causa de sua fé, modelo de fé dos que querem entrar em diálogo e comunhão com Deus.
A celebração do advento
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria.
Não se canta o Glória, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e
entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação
que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, o diretório litúrgico da CNBB orienta que flores e instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus.
Os paramentos litúrgicos(casula, estola, dalmática, pluvial, cíngulo, etc) são de cor roxa, bem como o véu que recobre o ambão,
a bolsa do corporal e o véu do cálice; como sinal de recolhimento e
conversão em preparação para a festa do Natal. A única exceção é o
terceiro domingo do Advento, Domingo Gaudete ou da Alegria, cuja
cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para
revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima. Também os
altares são ornados com rosas cor-de-rosa. O nome de Domingo Gaudete
refere-se à primeira palavra do intróito deste dia, que é tirado da
segunda leitura que diz: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito,
alegrai-vos, pois o Senhor está perto"(Fl 4, 4). Também é chamado
"Domingo mediano", por marcar a metade do Tempo do Advento, tendo analogia com o quarto domingo do Tempo da Quaresma, chamado Laetare.
No período do Advento são montados o Presépio, a Árvore de Natal e a Coroa do Advento.
Símbolos do Advento
Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa ou grinalda do Advento.
Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo,
no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do
Advento. A coroa pode ser, colocada ao lado do altar ou em qualquer
outro lugar visível. A cada domingo uma vela é acesa; no 1° domingo uma,
no segundo duas e assim por diante até serem acesas as 4 velas no 4°
domingo. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo
Salvador e Luz do Mundo,
brilhará para toda a humanidade, e representa também, nossa fé e nossa
alegria pelo Deus que vem. A cor roxa das velas nos convida a purificar
nossos corações em preparação para acolher o Cristo que vem. A vela de
cor rosa, nos chama a alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes
dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
A coroa de advento
Ver artigo principal: Coroa do Advento
Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de Igrejas, de
escolas e até de residências particulares. É impossível se imaginar os
festejos de Advento sem a presença da referida e suas quatro velas
queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa
de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem
anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e
meninos sem teto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos
este “filme”.
As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico
luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e
por aqueles meninos “sem eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele
construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de
crianças de rua. Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e
fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma
profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas,
costureiras e até jardineiros. A idéia era que, assim, não precisariam
mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus
próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.
Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O
pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo
ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e
reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para
contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda
velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no teto na “Casa” que
dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a
queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas
pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela
grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na referida
casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e
mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu
significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “batizaram” aquele
tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena
Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro
(sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro
da Igreja Luterana.
Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo
muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito
espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor
com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual
nos preparamos para receber a visita que vem: Jesus Cristo!
P. Renato Luiz Becker Par. São Mateus - Joinville - SC
A coroa está formada por uma grande quantidade de símbolos:
A forma circular
O círculo
não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem
princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que
nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma idéia de “elo”, de
união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.
As ramas verdes
Verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua
graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de
nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus, em sua
primeira vinda entre nós, e que agora, com esperança renovada,
aguardamos a sua consumação, na sua segunda e definitiva volta. O ramos
dos pinheiros permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos, assim
como os cristãos devem manter fé e a esperança apesar das tribulações da
vida.
A fita vermelha
A fita e o laço vermelho que envolvem a grinalda simbolizam o Amor de
Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda criação que é remida
com a chegada de Jesus.
As bolas
As bolas simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração de cada cristão.
As quatro velas
As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento.
No início, vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a
experiência de escuridão do pecado. A medida em que se vai aproximando o
Natal, vamos ao passo das semanas do Advento, acendendo uma a uma as
quatro velas representando assim a chegada, em meio de nós, do Senhor
Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda escuridão, trazendo aos nossos
corações a reconciliação tão esperada. A primeira vela lembra o perdão
concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros
Patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A terceira lembra a
alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança
eterna. A quarta recorda os Profetas que anunciaram a chegada do
Salvador.
- As cores das velas do Advento são
- Verde, Roxa, Rosa e Branca, podendo também serem adotadas velas com as seguintes cores: Roxa, Vermelha, Rosa e Verde ou até também Roxa Escura, Roxa Clara, Rosa e Branca.
Geralmente na Igreja Católica a cor das velas segue a cor das vestes
litúrgicas do sacerdote, sendo assim, a cor roxa é usada no primeiro,
segundo e quarto domingos do Advento simbolizando a conversão e
penitência e, a cor rosa no terceiro domingo (Gaudete) simbolizando a
alegria em meio à expectativa da chegada de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário