sexta-feira, 11 de março de 2011

Homilia

O Verdadeiro Jejum
“Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então, sim, eles vão jejuar”! Com estas palavras Jesus não aboliu nem o jejum nem a oração.
Simplesmente Ele quis dizer aos discípulos de João Batista e a todos aqueles que ainda estavam presos ao passado que jejum é feito em casos específicos, quando queremos servir melhor a Deus, quando estamos passando por tribulações, perseguições, doenças e calamidades, nos arrependimentos de pecados nossos e do povo e nas conversões em massa.
Aliás, jejum, oração e boas obras são mencionados frequentemente tanto pelos judeus como pelos cristãos. Oração não fica à frente do jejum e das boas obras, independente deles, mas como algo que os liga interiormente. O mais completo entendimento da oração é particularmente oferecido em conexão com o jejum. Quando nós olhamos o que é dito sobre a oração, e como ela é definida, nós podemos ver que a ênfase é naturalmente mais no estado do coração e alma que no corpo, como possível expressão da oração em geral.
Segundo São João Damasceno: “Oração é a subida da mente e do coração de alguém a Deus ou o pedido das boas coisas de Deus”.
Primariamente, nela a conversa com Deus como atividade espiritual é enfatizada. Todavia, há também a prática e a experiência de que não apenas pensamentos, conversas e atos espirituais por si só estão inclusos na oração, mas também o corpo. A oração torna-se mais completa por meio do corpo e do movimento, que acompanham as palavras ditas nesse momento [de oração]. O corpo e seu movimento tornam a oração mais completa e expressiva para que ela possa mais facilmente envolver a pessoa inteira.
A unificação do corpo e da alma na oração é particularmente manifestada no jejuar e na oração. O jejum físico torna a oração mais completa. Uma pessoa que jejua reza melhor e uma pessoa que reza, jejua mais facilmente. Desta forma, a oração não permanece somente como uma expressão ou palavras, mas cobre o ser humano inteiro. O jejum físico é uma admissão para Deus diante dos homens que alguém não pode fazer sozinho e necessita de ajuda. Uma pessoa experimenta sua impotência mais facilmente quando ela jejua, e por isso, por meio do jejum físico, a alma está mais aberta a Deus. Sem jejum, nossas palavras na oração permanecem sem uma fundação verdadeira. No Antigo Testamento, os crentes jejuavam e rezavam individualmente, em grupos e em várias situações da vida. Por causa disso, eles sempre experimentavam a ajuda de Deus Pai. Jesus confere uma força especial ao jejum e à oração, especialmente na batalha contra os espíritos do mal.
O jejum é um tipo de penitência no qual abrimos mão de algo que nos agrada e oferecemos esse “sacrifício” por alguma boa intenção. E aqui entra um detalhe: só Deus precisa saber que estamos jejuando! Você não precisa sair por aí se gabando de jejuar ou se mostrando abatido por praticá-lo. Pelo contrário, o verdadeiro jejum é feito de modo escondido, para que somente o nosso Deus, que vê o que está escondido, tome conhecimento.
No Evangelho de hoje, Jesus justificou que os Seus discípulos não estavam em jejum porque Ele próprio estava presente, e isso era motivo de festa! E festa não combina com jejum! Chegaria o dia em que Ele não estaria mais com eles. E aí sim, eles jejuariam. Querendo, pois, fazer uma caminhada de penitência, vamos praticá-lo [jejum]. Hoje é o dia, esta é a hora da prática do jejum. Abrindo mão de certos prazeres, ou até oferecendo as nossas dores e sofrimentos a Deus, a fim de que Ele amenize o sofrimento nosso ou de outras pessoas.
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Padre Bantu Mendonça
Moções Proféticas: Princípio do Bem
O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 1704: “A pessoa participa da luz e da força do Espírito divino. Pela razão é capaz de compreender a ordem das coisas estabelecida pelo Criador. Por sua vontade, ela é capaz de ir ao encontro de seu verdadeiro bem. Encontra sua perfeição na busca e no amor da verdade e do bem”.
Nesses últimos anos, são muitas as exortações do Senhor para que pratiquemos diligentemente o bem. Deve ser porque viver neste mundo dando testemunho coerente da nossa fé está cada vez mais difícil: tantas tragédias naturais, tanta violência e ataques à Igreja de Cristo e seus seguidores.
Uma das passagens que recebemos como direcionamento nos ensina que se fizermos o bem e, só o bem, quando estivermos passando por tribulações, sairemos delas sem marcas na alma, sem cicatrizes emocionais, continuaremos firmes na fé. A passagem é o salmo 36, do qual destaco alguns versículos: “Espera no Senhor e faze o bem; habitarás a terra em plena segurança; os justos o Senhor sustenta. O Senhor vela pela vida do justo, não será confundido no tempo da desgraça e nos dias de fome será saciado, ainda que caia não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão. Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provação. O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele.” Segundo o texto, portanto, fazer o bem nos alcança o favor de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica nos diz, nos números 1730 e seguintes: “Deus criou o homem dotado de razão e lhe conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e domínio de seus atos. A liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto de praticar atos deliberados. A liberdade é no homem uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade.” Quanto mais praticar o bem, mais a pessoa se torna livre. Não há verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem, da verdade e da justiça. A escolha da desobediência e do mal é um abuso e conduz à escravidão do pecado.
Lemos no livro do Eclesiástico (Eclo 15, 17-18): “Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher lhe será dado.”
Do exercício consciente de sua liberdade de filho de Deus decorre a virtude da pessoa. A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Aquele que se exercita na prática do bem encontra cada vez mais facilidade nisso. Experimenta facilidade em ser justo, verdadeiro e amável. Além disso, sempre que nos empenhamos em fazer o bem, Deus vem em nosso auxílio.
Recebemos uma profecia que dizia: “Faço hoje uma promessa: sempre que lembrares de perguntar ‘Senhor, o que queres que eu faça?’, Eu te indicarei o caminho a seguir, colocarei palavras na tua boca, te darei o entendimento da minha vontade. Porém, terás de parar um instante e de todo coração querer me obedecer. Se fizeres assim, Eu colocarei sobre tuas qualidades pessoais a luz do meu Espírito para aumentá-las, para levá-las à perfeição, à estatura do homem feito e te darei o dom da mansidão e da bondade. Terás que confiar na minha promessa. Se creres, tudo se fará como estou te dizendo. Começa a partir de agora com a ajuda que te dou.”
Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária-Geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

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