domingo, 1 de abril de 2012

PÁSCOA: A MAIOR FESTA

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01 abril de 2012
 
A Páscoa originou-se nas famílias israelitas como celebração histórica da posse da terra. Na experiência do Êxodo, ela foi retomada como memorial libertador, recebendo em Jesus Cristo seu conteúdo pleno.
E a Páscoa cristã? Quando e como iniciou sua celebração anual? Provavelmente foi no século II da nossa era. Além de continuar celebrando o “primeiro dia da semana”como o “dia do Senhor”, se procurou solenizar dentro do ano, o domingo específico que coincidia com a Páscoa da ressurreição, isto é, o primeiro domingo depois da Páscoa judaica. Desde então, o conteúdo litúrgico e teológico da celebração cristã da Páscoa é de caráter comemorativo. Nela a comunidade recorda e revive o evento salvífico da morte e ressurreição de Cristo e o vive num clima de tensão e de expectativa.
Esse aspecto comemorativo aparece nas três dimensões presentes na celebração cristã da Páscoa: 1ª) rememorativa, congrega os cristãos(ãs), como Igreja, em torno da memória de Jesus Cristo; 2ª) significativa para o presente, faz acontecer, isto é, atualiza para a nossa vida pessoal e comunitária as exigências pessoais e sociais da Páscoa; 3ª) escatológica –na antecipação, por meio de sinais concretos, da humanidade sonhada como justa, fraterna, em plena comunhão com Deus.
O coração da celebração anual da Páscoa é a vigília pascal que, com seu significado simbólico garante, de certo modo, o equilíbrio entre comemoração e expectativa. Na primeira parte dessa vigília celebra-se a luz. De fato, Cristo, especialmente com sua ressurreição, é a luz do mundo.
A celebração solene da Páscoa cristã realiza-se em três partes ou desdobramentos, que é o tríduo pascal, englobando três datas ou eventos que formam uma unidade enquanto celebração do mistério pascal: a ceia do Senhor, sua morte e ressurreição.
A celebração “Ceia do Senhor”se dá na tarde da Quinta-feira santa, numa missa. Ela marca o início do tríduo pascal e da celebração da Páscoa cristã. Contudo, não se trata de uma celebração isolada. Nela encontramos e fazemos memorial de vários eventos salvíficos, ligados à libertação do povo de Israel do Egito. Isso porque os fatos revividos nessa celebração são aí são atualizados e apontam perspectivas atuais de libertação, que poderão se concretizar no hoje de nossa história pessoal, comunitária, social. No centro dessa celebração, encontramos Jesus. Ele celebra com os seus (apóstolos) a última ceia do Senhor, antes de sua morte e ressurreição. Nesse contexto da Ceia do Senhor, o que aparece de novo? Nesse dia Cristo inaugura a nova Páscoa, a da aliança nova e eterna, a de seu pão compartilhado e seu sangue derramado, a de seu amor levado ao extremo e do mandato do amor para nós, a de sua passagem pela morte e ressurreição, a Páscoa que devemos celebrar em sua memória ou comemoração.
Outros elementos, dons salvíficos que constituem o conteúdo dessa celebração, são a eucaristia, o sacerdócio e mandato do amor. “Este é o meu mandamento: ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei”(Jo 15,12).
O tríduo pascal prossegue na Sexta-feira santa. Nesse dia não se celebra missa, mas a morte do Senhor sob o símbolo de uma cruz dolorosa e sangrenta, e, ao mesmo tempo, vitoriosa e resplandecente. Aí, a morte não é o fim; antes é passagem a uma vida ressuscitada e eterna. Aponta para o amor de Deus, que é vida e terá mais poder que o pecado do ser humano, que é morte. A celebração nos incorpora à redenção de Cristo e ao seu mistério de salvação universal: pela morte à vida.
Por fim, temos a última parte do tríduo: a vigília pascal. Ela precede a festa da ressurreição. É preparada durante toda a noite anterior e, considerada a celebração das celebrações ou a “mãe de todas as vigílias”. Nela falam os símbolos e as orações. Ambos acentuam, sobretudo o sentido da luz que surge das trevas, como podemos notar sua expressão neste comentário inicial: “esta é a noite em que libertastes os filhos de Israel, nossos pais da escravidão do Egito, e os fizestes passar a pé enxuto pelo mar Vermelho.
Esta é a noite que salva, em toda a terra, os fiéis em Cristo da escuridão do pecado e da corrupção do mundo, consagra-os ao amor do Pai e os une na comunhão dos santos. Esta é a noite em que Cristo, quebrando os vínculos da morte, ressuscita vencedor do sepulcro”.
Igual expressividade encontramos, entre outras, na oração que segue: “O’Pai, que por meio do vosso Filho nos comunicastes a chama viva da vossa glória, abençoai este fogo, fazei que as festas pascais acendam em nós o desejo do céu e nos guiem renovados no espírito, à festa do esplendor eterno”.
Da vigília, o círio pascal é seu principal sinal. Ele é aceso no fogo novo, que é bento no início da própria vigília e, em seguida, introduzido para o interior da Igreja (que está no escuro). Apenas sua luz brilhará. Nele serão acesas as velas que as pessoas levam para essa celebração, enquanto se canta por três vezes sucessivas: “Cristo, luz do mundo”e o povo responde: “Demos graças a Deus”.
O círio pascal simboliza o Cristo ressuscitado. As velas acesas no próprio círio simbolizam a vida nova que o Senhor nos comunica por meio do Espírito. Nessa luz “nova”e eficaz, que provém do Ressuscitado, todo ser humano e todas as realidades são iluminadas, ganham sentido ou brilho novo e, a partir da luz interior nos convoca também à renovação, a viver como pessoas novas e a engajar-nos na transformação da nossa História.
Portanto, nesse contexto, celebrar a Páscoa e cantar o “aleluia pascal”significa comprometer-se com a memória do Senhor, no aqui e agora da história, plantando sinais do Reino definitivo ou da Páscoa de Libertação Plena. Podemos ainda conferir algumas referências bíblicas, ligadas à celebração da Páscoa cristã.
Jesus Cristo é a luz do mundo. A luz verdadeira que ilumina todo ser humano. Ele é o sol da justiça. Jo 1,9; 9,11; 12,35-38
A páscoa cristã está intrinsecamente ligada à páscoa judaica. Ambas partem a libertação da opressão do Egito, hoje extensiva a toda forma de escravidão. Ex 12,1-14; 13,17-22; 14
Na celebração da Ceia, Jesus sela sua nova e definitiva aliança com a humanidade. Deixa-nos como dons salvíficos a Eucaristia, o sacerdócio e o mandamento do amor. Jo 13,17-; 1Cor 11,23-26; Mc 14,22-26; Lc 22,14-2017; Jo 15,17
Textos ligados à entrega de Jesus, sua paixão, morte e ressurreição. Jo 13–19; Mc 14,22-26ss; Lc22,14ss; Mt 26,1-28,8.

O que é Tríduo pascal ?
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O tríduo pascal se considerava como três dias de preparação para a festa de Páscoa; compreendia a quinta-feira, a sexta-feira e o sábado da Semana Santa. Era um tríduo da paixão. A palavra tríduo na prática devocional católica sugere a idéia de preparação.Às vezes nos preparamos para a festa de um santo com três dias de oração em sua honra, ou pedimos uma graça especial mediante um tríduo de preces de intercessão
No novo calendário e nas normas litúrgicas para a Semana Santa, o enfoque é diferente. O tríduo se apresenta não como um tempo de preparação, mas sim como uma só coisa com a Páscoa. É um tríduo da paixão e ressurreição, que abrange a totalidade do mistério pascal. Assim se expressa no calendário:
Cristo redimiu ao gênero humano e deu perfeita glória a Deus principalmente através de seu mistério pascal: morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida. O tríduo pascal da paixão e ressurreição de Cristo é, portanto, a culminação de todo o ano litúrgico.
Logo estabelece a duração exata do tríduo:
O tríduo começa com a missa vespertina da Ceia do Senhor, alcança seu cume na Vigília Pascal e se fecha com as vésperas do Domingo de Páscoa.
Esta unificação da celebração pascal é mais acorde com o espírito do Novo Testamento e com a tradição cristã primitiva. O mesmo Cristo, quando aludia a sua paixão e morte, nunca as dissociava de sua ressurreição. No evangelho da quarta-feira da segunda semana de quaresma (Mt 20,17-28) fala delas em conjunto: “O condenarão à morte e o entregarão aos gentis para que d’Ele façam escarnio, o açoitem e o crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará”.

É significativo que os pais da Igreja, tanto Santo Ambrosio como Santo Agostinho, concebam o tríduo pascal como um todo que inclui o sofrimento do Jesus e também sua glorificação. O bispo de Milão, em um dos seus escritos, refere-se aos três Santos dias (triduum illud sacrum) como aos três dias nos quais sofreu, esteve no túmulo e ressuscitou, os três dias aos que se referiu quando disse: “Destruam este templo e em três dias o reedificaré”. Santo Agostinho, em uma de suas cartas, refere-se a eles como “os três sacratíssimos dias da crucificação, sepultura e ressurreição de Cristo”. Esses três dias, que começam com a missa vespertina da quinta-feira santa e concluem com a oração de vésperas do domingo de páscoa, formam uma unidade, e como tal devem ser considerados. Por conseguinte, a páscoa cristã consiste essencialmente em uma celebração de três dias, que compreende as partes sombrias e as facetas brilhantes do mistério salvífico de Cristo. As diferentes fases do mistério pascal se estendem ao longo dos três dias como em um tríptico: cada um dos três quadros ilustra uma parte da cena; juntos formam um tudo. Cada quadro é em si completo, mas deve ser visto em relação com os outros dois.
Interessa saber que tanto na sexta-feira como na sábado santo, oficialmente, não formam parte da quaresma. Segundo o novo calendário, a quaresma começa na quarta-feira de cinza e conclui na quinta-feira santa, excluindo a missa do jantar do Senhor 1. na sexta-feira e na sábado da semana Santa não são os últimos dois dias de quaresma, mas sim os primeiros dois dias do “sagrado tríduo”.
A ressurreição é nossa páscoa; é um passo da morte à vida, da escuridão à luz, do jejum à festa. O Senhor disse: “Você, pelo contrário, quando jejuar, unja-se a cabeça e se lave a cara” (MT 6,17). O jejum é o começo da festa.
O sofrimento não é bom em si mesmo; portanto, não devemos buscá-lo como tal.

A postura cristã referente a ele é positiva e realista. Na vida de Cristo, e sobre tudo na sua cruz, vemos seu valor redentor. O crucifixo não deve reduzir-se a uma dolorosa lembrança do muito que Jesus sofreu por nós. É um objeto no que podemos nos glorificar porque está transfigurado pela glória da ressurreição. Nossas vidas estão entretecidas de gozo e de dor. Fugir da dor e as penas a toda costa e procurar gozo e prazer por si mesmos são atitudes erradas. O caminho cristão é o caminho iluminado pelos ensinos e exemplos do Jesus. É o caminho da cruz, que é também o da ressurreição; é esquecimento de si, é perder-se por Cristo, é vida que brota da morte. O mistério pascal que celebramos nos dias do sagrado tríduo é a pauta e o programa que devemos seguir em nossas vidas.

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