quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mensagem do Dia

Quem é preso não pode ser realizado e feliz

Há quem faça a pergunta: Mas o que é vocação cristã? Vocação é o relacionamento pessoal com Deus numa perspectiva de fé e de seguimento sincero às Suas leis:
- Escolher Jesus Cristo, não as riquezas;
- Seguir Jesus pobre e humilde.
Quem não souber aceitar a renúncia para acolher ao convite de Cristo, ficará triste como o jovem rico, que era exemplo em tudo, mas não foi capaz de se desapegar de suas ‘riquezas’: ”O jovem disse a Jesus: Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta? Jesus respondeu: ”Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me. Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico” (Mt 19,20-22).
As nossas tristezas vêm dos nossos apegos e ligações: quem é preso não pode ser realizado e feliz. É por isso que Jesus nos quer como crianças. Enquanto vão acontecendo em nós essas transformações, o Senhor nos olha com amor na espera do nosso “SIM” em doação ao Reino de Deus e aos nossos irmãos.
Dos humildes de espírito é o Reino dos Céus. Deixemos o Espírito Santo de Deus agir em nós! Vinde, Espírito Santo!
Jesus, eu confio em Vós!


O que quer dizer Quaresma?

        A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática data desde o século IV.
        Na quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira (até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive - Diretório da Liturgia - CNBB) da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a fazerem uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.
        Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa. Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo. Todas as religiões têm períodos voltados à reflexão, eles fazem parte da disciplina religiosa. Cada doutrina religiosa tem seu calendário específico para seguir. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência.
        Cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d. C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma.
 Qual o significado destes 40 dias?
        Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
 O que os cristãos devem fazer no tempo de Quaresma?
        A Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma conseqüência da penitência.
 Ainda é costume jejuar durante este tempo?
        Sim, ainda é costume jejuar na Quaresma, ainda que ele seja válido em qualquer época do ano. A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função.
        Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa. Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.
        O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.
 O que é a Campanha da Fraternidade?
        O percurso da Quaresma é acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade – a maior campanha da solidariedade do mundo cristão. Cada ano é contemplado um tema urgente e necessário.
        A Campanha da Fraternidade é uma atividade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concretizarem, na prática, a transformação da sociedade a partir de um problema específico, que exige a participação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais.
        Seus objetivos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
        Os temas escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-política do país, marcada pela injustiça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria. Os problemas que a Campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A partir do início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem tendo sempre mais ampla participação dos 16 Regionais da CNBB que recolhem sugestões das Dioceses e estas das paróquias e comunidades.
 Como começou a Campanha da Fraternidade?
        Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal-RN, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.
        Este projeto se tornou nacional no dia 26 de dezembro de 1963, com uma resolução do Concílio Vaticano II, a maior e mais importante reunião da igreja católica. O projeto realizou-se pela primeira vez na quaresma de 1964. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.
 Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?
        A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.
        Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.
 Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?
        As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da Semana Santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.
        Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.
        Depois, vem a celebração da Sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa, que celebra a morte do Senhor, às 15 horas. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus.
        No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.

Sermão da Montanha

O Sermão da Montanha é um longo discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no Evangelho de São Mateus, mais precisamente nos capítulos 5 a 7. Muito provavelmente, resulta da reunião de intervenções ocorridas em momentos distintos. Nestes discursos, Jesus Cristo profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que normatizam e orientam a verdadeira vida cristã, uma vida que conduz a humanidade ao Reino de Deus e que põe em prática a vontade de Deus, que leva à verdadeira libertação do homem. Estes discursos podem ser considerados por isso como um resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino de Deus, do acesso ao Reino e da transformação que esse Reino produz.
Além de importantes princípios ético-morais, pode-se notar grandes revelações, pois aquilo que muitas vezes é tido por ruim, por desagradável, diante de Deus é o que realmente vai levar muitos à verdadeira felicidade. Esta passagem forma um paradoxo, contrariando a ideia de muitos e mais uma vez mostrando que "…'Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração" (I Samuel 16.7). .
No Sermão da Montanha, o evangelista São Mateus está a apresentar Jesus Cristo como o novo Moisés, daí o discurso ser proferido numa montanha (certamente, apenas uma colina), porque Moisés tinha recebido os 10 Mandamentos na montanha do Sinai. Mas, Jesus não veio para abolir a Lei ou os Profetas,[1] mas sim levá-los à perfeição na sua íntegra (Mt 5, 17).

Índice

[editar] Partes e ensinamentos importantes do Sermão

[editar] Introdução narrativa

Na introdução narrativa, o evangelista descreve que Jesus, vendo aquelas multidões, subiu à montanha e sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele, e é aí que Ele começou a pregar o seu famoso sermão ao ar livre (Mt 5, 1-2).

[editar] As Bem-aventuranças

As Bem-aventuranças [2] são o anúncio da verdadeira felicidade, porque proclamam a verdadeira e plena libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino de Deus através da palavra e acção de Jesus, que tornam a justiça divina presente no mundo. A verdadeira justiça para aqueles que são inúteis, pobres ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. As Bem-aventuranças revela também o carácter das pessoas que pertencem ao Reino de Deus, exortando as pessoas a seguir este carácter exemplar.
Resumindo e usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), as bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino de Deus, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação divina, o repouso em Deus (CIC, n. 1726).

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

(Mateus, 5:3-12)

[editar] Sal da terra, luz do mundo

Jesus, através das metáforas de Sal e de Luz, revela a enorme força do testemunho e a importante função dos discípulos, especialmente dos pregadores, que é sobretudo preservar e proteger a humanidade contra as influências malignas da corrupção e da maldade (a função do Sal) e ajudar a humanidade a conhecer, através da sua e seu bom exemplo iluminadores, o caminho da salvação (a função da Luz).

Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado [3] pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.

 (Mateus, 5:13-16)

[editar] Reinterpretação da Lei de Deus

Jesus revaloriza e reinterpreta, por vezes parecendo antitética (mas, na realidade não é), da Lei de Deus na sua íntegra, particularmente dos 10 Mandamentos, tendo por objectivo levá-los à perfeição (Mt 5, 17-48).

Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei [4] Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos Céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos Céus. Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.

 (Mateus, 5:17-20)
Durante esta longa reinterpretação, Jesus exorta as pessoas a não ofender o seu próprio irmão e, se tal acontecer, buscarem uma reconciliação com ele (o ofendido) o mais cedo possível, deixando, se for necessário, a oferta diante do altar para ir primeiro fazer as pazes com o irmão e pedir o seu perdão pelas ofensas cometidas (Mt 5, 21-26).
Jesus amplia o conceito de adultério, afirmando que todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração, e opõe-se ao divórcio, ensinando que todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso;[5] e todo aquele que desposa [6] uma mulher rejeitada comete um adultério, defendendo e acentuando assim a indissolubilidade da união conjugal (Mt 5, 27-32).
Jesus também ensinou que os homens nunca deviam jurar de modo algum, muito menos jurar falso (Mt 3, 33-37).

O Sermão da Montanha (1890), pintura de Carl Heinrich Bloch.
Jesus apela também para não resistir ao mau, querendo isto dizer que, na medida dos possíveis, não devemos resistir fisicamente às agressões (se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra), mas também não devemos replicar no momento ou posteriormente em tribunal os golpes sofridos, revogando assim a famosa Lei do talião que defende a vingança e a retaliação. Ele exorta também para dar a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado (Mt 5, 38-42).
No fim desta reinterpretação da Lei de Deus feita por Jesus, Ele apela aos homens para, se eles quiserem ser os verdadeiros filhos de Deus, amar não só o seu próximo, mas também os seus inimigos, fazendo bem aos que vos odeiam e orando pelos que vos [maltratam e] perseguem, tal como Deus, que faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. No fim, Jesus exorta para todos os homens, com esta prática de amor incondicional e supremo (uma das ideias-chave do Cristianismo), serem perfeitos, tal como Deus Pai, que é também perfeito (Mt 5, 43-48).

[editar] Ostentação, Pai-Nosso e perdão

Jesus, a seguir à reinterpretação da Lei de Deus, começa a condenar a ostentação na prática de 3 obras fundamentais do Judaísmo, que são a esmola, o jejum e a oração. Ele não pretende condenar a observância fiel e honesta destas obras boas e o bom exemplo que estas acções produzem, mas somente o vão desejo de ostentar em frente de outras pessoas. Ele alerta para o facto de, se a finalidade das pessoas que praticam estas obras é ostentar, eles já foram recompensados na Terra por outros homens que as elogiaram.

Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.

 (Mateus, 6:1)

Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.

 (Mateus, 6:2-4)

Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.

 (Mateus, 6:16-18)

Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais.

 (Mateus, 6:5-8)
Durante o seu discurso sobre a oração, Jesus deu aos homens uma célebre oração, o Pai-Nosso,[7] para ensiná-los como rezar correctamente.

Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

 (Mateus, 6:9-13)
Jesus afirma também que se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará (Mt 6, 14-15).
Também sobre a oração, Ele exorta por fim aos seus discípulos que deviam sempre ter confiança na oração e particularmente em Deus, porque vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem durante a oração.

Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem.

 (Mateus, 7:7-11)

[editar] Materialismo e Providência divina

Jesus, condenando indirectamente o materialismo, exorta os seus discípulos para não preocupar demasiado com os seus bens e as suas necessidades materiais, mas sim, preocupar-se mais e em primeiro lugar em guardar tesouros no céu, para preparar o acesso ao Reino de Deus. Sobre a riqueza, Jesus alerta os seus discípulos para o facto de ser impossível servir ao mesmo tempo a Deus e à riqueza. E, relativamente às necessidades materiais dos homens e às suas preocupações quotidianas, Jesus apela para a confiança na Providência divina, afirmando que vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso [8] e que o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado (Mt 6, 19-34).

Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração.

 (Mateus, 6:19-21)

Ninguém pode servir a dois Senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza.

(Mateus, 6:24)

Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.

 (Mateus, 6:31-34)

[editar] Julgar os outros

Neste sermão, Jesus condena também aqueles que julgam os outros, mas não sabem julgar-se a si próprio, não conseguindo reconhecer os seus próprios erros. E mais, ele alerta inclusivamente que nunca devíamos julgar os outros, para não sermos julgados, porque o único que tem capacidade e autoridade para julgar os homens é Deus.

Não julgueis, e não sereis julgados.[9] Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão.

(Mateus, 7:1-5)

[editar] Regra de ouro


Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os Profetas.

(Mateus, 7:12)

[editar] O verdadeiro discípulo e as suas dificuldades

Jesus alerta para as dificuldades que os seus discípulos, que pretendem ser os verdadeiros filhos de Deus, irão encontrar no caminho estreito e apertado que conduz à vida eterna e ao Reino de Deus (o chamado caminho da vida).

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram.

 (Mateus, 7:13-14)
Jesus também alerta os homens para o facto de só reconhecerem que Ele é o Senhor não é suficiente para eles serem salvos e reconhecidos como os seus verdadeiros discípulos, mas sim, necessitando também de fazer verdadeiramente a vontade de Deus.

Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!

(Mateus, 7:21-23)

[editar] Os falsos profetas

Jesus aconselhou os seus discípulos a acautelarem dos falsos profetas, que, apesar de parecerem ovelhas, são na verdade uns lobos arrebatadores e maus que têm por finalidade desorientar as pessoas e levá-las à perdição.

Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos [10] os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis.

 (Mateus, 7:15-20)

[editar] Edificar sobre a rocha

Jesus, concluindo o seu sermão, exorta por fim aos seus discípulos para, depois de escutar as suas palavras e ensinamentos, pô-los verdadeiramente em prática, para serem semelhantes a um homem prudente que edificou sua casa sobre a rocha. A rocha é resistente a todas as tempestades, por isso, ela é uma excelente base ou fundamento para sustentar a casa, assemelhando-se à Palavra de Deus, que serve como fundamento e sustenta todas as pessoas que põe-na em prática, protegendo-as e ajudando-as a ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades que elas poderão encontrar nas suas vidas.

Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.

 (Mateus, 7:24-27)

[editar] Fim narrativo

No fim narrativo, o evangelista São Mateus descreve que a multidão que foi ouvir o sermão ficou impressionada com a sua doutrina, porque Jesus a ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas (Mt 7, 28-29).

[editar] Interpretação segundo a Igreja Católica

A Igreja Católica divide os ensinamentos deste sermão (e também doutros discursos de Jesus) em duas categorias: os preceitos ou ensinamentos gerais, que todos devem seguir para obter a salvação e a definitiva libertação (ou seja, atingir a santidade), e os conselhos específicos ou conselhos evangélicos. A obediência a estes últimos conselhos é necessário só para aqueles que querem ser perfeitos, tal como Deus Pai, que é também perfeito (Mt 5, 48). Mas, mesmo que não seja obrigatório, Jesus encoraja e exorta os seus discípulos a serem perfeitos, e não só salvos.
Esta teoria foi iniciada por Santo Agostinho e desenvolvida na sua plenitude por São Tomás de Aquino, embora uma versão semelhante mas muito mais antiga foi já anunciada no famoso Didaquê, capítulo 6, versículo 2: Pois, se puderes portar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não puderes, faze o que puderes para seres salvo (Did 6, 2).

Notas

  1. A Lei e os Profetas são os ensinamentos do Antigo Testamento e, em sentido mais lato, todos os ensinamentos de Deus.
  2. As Bem-aventuranças encontram-se também, em versão sensivelmente diferente, no Evangelho de São Lucas, que afirma que Jesus proclamou as Bem-Aventuranças na margem de um lago
  3. Calcado significa mais ou menos pisado.
  4. antes que desapareça um jota, um traço da lei: isto significa que Jesus respeitará a Lei de Deus na sua integridade, sem tirar nada.
  5. Ou união ilegal
  6. Ou casar com
  7. O Pai-Nosso encontra-se também, embora num contexto diferente, no Evangelho de São Lucas
  8. de tudo isso: dos bens materiais (ex: comida, vestuário, habitação, etc.)
  9. Ou ainda Não julgueis, para não serdes julgados.
  10. Os frutos são os comportamentos das pessoas.

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